Theatro Municipal, a porta abarrotada após o show de Luiz Melodia.
Vou explicar porque estive ausente nos últimos dias. Além de fazer uma prova para um concurso público, estive na 4ª edição da Virada Cultural, no último fim de semana. Para quem não sabe, é um evento multicultural que acontece aqui em São Paulo. Durante 24 horas, das 18h do sábado e varando a madrugada até as 18h do domingo, centenas e centenas de eventos acontecem por toda a cidade. Música, dança, teatro, cinema, circo, arte urbana, performances, museus abertos a noite toda, exposições, enfim, no melhor estilo tudo ao mesmo tempo agora. E a maior parte dos eventos se concentra no centro da cidade, onde estive quase o tempo todo.
Performance suspensa no antigo prédio da Light, hoje um shopping.
Iluminação especial no prédio da Prefeitura. Embaixo, teatro vocacional.
E talvez o melhor de tudo nem sejam os eventos, é o povo que toma a cidade para si de novo. Graças ao super esquema de segurança, experimentamos a sensação deliciosa de caminhar pelo centro de madrugada, despreocupadamente. Acreditem, na Virada deste ano não houve nenhuma ocorrência policial, nenhum tumulto, tudo na santa paz. Isso num evento que reuniu quase 4 milhões de pessoas; não há nada paralelo na América Latina.
Balada em frente ao Mosteiro de São Bento! Como é que pode^^? É que essa é a Silent Disco, um projeto do DJ holandês NO. 500 fones de ouvido são distribuídos e a galera ouve a música pelos fones. Quem vê de fora não ouve nada e acha super engraçado^^!
Lugares onde todo dia milhões passam apressados, sem tempo de olhar, se transformam em um deleite para os olhos. As pessoas páram e reconhecem os prédios antigos que formaram a história desta cidade, que fazem parte das infâncias de todos, que estão na memória individual e coletiva. Portanto, o cenário da Virada também é protagonista.
Roda de capoeira, que ficou todas as 24 horas no Largo do Paissandu. Quem quisesse arriscar podia entrar na roda também^^!
Primeira vez na vida que entrei no Theatro Municipal, acreditam? Lá dentro, abri a Virada ouvindo Luiz Melodia cantar faixa por faixa do disco que o catapultou para o sucesso, Pérola Negra. O povo delirou. Segui para a av. São João e encontrei Gal Costa dizendo que tinha dado uma "virada" também, mas no visual. Lá ela cantou junto com todos os seus sucessos e outras mais, passando pela Tropicália e pela cinquentona Bossa Nova, no estilo voz-e-violão. Me despedi do sábado com o grupo francês Générique Vapeur causando terremoto na Ipiranga com a São João.
Praça D. José Gaspar: piano ao vivo 24 horas.
Voltei no domingo de sol ao centro para conferir os outros palcos. Roda de samba, chorinho, música caipira, música instrumental, blues, um palco só com cantoras, e na Praça da República, o segundo palco mais disputado, o do Rock. Embora não tenha visto Mutantes e Paul Di'Anno (antigo vocal do Iron Maiden), corri pra ouvir Arnaldo Antunes e Lobão. Não podia perder o show do Miele no Largo do Arouche, e cantamos parabéns de novo à Bossa Nova.
Performances dos mais diferentes grupos botaram todo mundo pra mexer!
Desci até o Anhangabaú para ver o Cisne Negro contar a história da dança, mas logo voltei pra República; Ultraje a Rigor estavam me esperando pra cantar todas as faixas do "Nós Vamos Invadir Sua Praia". Com direito a covers de Ramones e Sabbath! Ainda peguei o finalzinho do encerramento com Jorge Benjor, que fez tremer a São João. E uma grande queima de fogos encerrou o sonho real da diversidade.
Música instrumental pra todos os gostos. E com esse cenário, então^^...
Bonus track^^! Alguns dos shows que vi foram estes:
Luiz Melodia:
Gal Costa:
Ultraje a Rigor:
Jorge Benjor:
Quem não conhece a Virada Cultural tem que vir. Digo isso pra todos os turistas do Brasil e de fora^^. Não se acanhem, serão todos bem vindos, temos esse lado humano escancarado. Não foi à toa que quando voltava pra casa, só um pensamento me dominava: "Apesar dos pesares, como sou feliz de viver aqui!" Poucos lugares e eventos no mundo encapsulam tanta gente diferente, e todos convivendo. Os carros dão lugares às pessoas. O barulho não é de motores, é de guitarras, baterias, pandeiros e violas. A pressa se rende à contemplação. E todos podem ver com mais calma a alma, a verdadeira alma desta selva de concreto^^!